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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Zanga do conservatório

          De rolê com um mano que acabara de conhecer, voltando de uma festa veio a acontecer. Enquadrado pela patrulha rodoviária, pacoteira em cima, rodou como tráfico e assim iniciou-se a sina. Foi assim de bobeira que entrou para o conservatório musical na cela insalubre que dividia com diversos detentos. Conviveu com a diversidade criminal, escreveu uma carta para a mãe, mas a primeira visita foi do pai. Uma cota sem ver a família e trombar os parças,  contato só por cartas, isolado, trancado em um túmulo de concreto ao céu aberto.
         Queria realmente mudar, não mofar, de lá se jogar e se possível nunca mais voltar. A rotina interminável de um lugar onde as horas pareciam rastejar, de manhã depois de pagar o banho gelado, um cliver acesso com o bic emprestado, seguido de um chá de urubu requentado, rango azedo era reciclado, uma sesta pra desbaratinar e como chinfra o futebol, finalizando um trago no fininho do índio para relaxar.
         A mãe dizia que o filho foi pras”oropa estudar e trabalhar, na Alemanha foi morar e que iria demorar para voltar. Por três anos passou mó veneno na tranca, não foi fácil mas tirou de letra, estudou o código penal e de lá saiu mestre em violão clássico. Tocando Bach, Beethoven, Villa-Lobos, João Pernambuco. Hoje toca em uma orquestra de violões.
          Sinistro por não descolar trampo devido à capivara que constava ex-presidiário. Como muitos, dá os corres com aulas particulares de violão e guitarra na quebrada, poderia ter saído pós-graduado no crime. Porém escolheu conhecer-se e a vida recomeçar, distante de lá. Para onde nem em sonho quer mais voltar.
         Pagou o que devia e segue a vida distante de tretas. Até hoje luta para não se entregar aos vícios das esquinas. Miliano que não trombo o Zanga, saudades parça das antigas. Com ele muito aprendi, principalmente que a redenção é possível. Pena que a sociedade não tivera a oportunidade de conhecê-lo e quem sabe isso também aprender.



         Joey é escritor autodidata.

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