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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

As elites cafeeiras urbanizadas e a alta gastronomia: PARTE IV


A florada civilizadora do café passa a dar origem, segundo Prado (1970) à última aristocracia do país. Os fazendeiros de café se tornam a elite social brasileira. Todo o requinte de pratos e bebidas principalmente da França é encontrado em fontes primárias de menus de banquetes e notas fiscais de compra de mercadorias como: SANDWICHES: Jabon, formages,patês-froigas, cuisses de paulet,bombons, marrons et dragées.VINS:Porto,sautern, champagne Pomery,liqueurs,moscatel tunisie, etc., conforme cita Freitas (1947). Ou seja, todos estes produtos de luxo eram consumidos por uma pequena parcela da população em casamentos, jantares dançantes, festas de debutantes.

Alimentos estes pagos com o suor de escravos e imigrantes que regavam os cafezais. Porém, tais festas e padrões de consumo das elites estariam com seus dias contados. Pois entre 1914 e 1918, período da primeira guerra mundial, ocorre a desorganização do comércio internacional, desestruturando a economia cafeeira devido a retração dos mercados consumidores. Atrelada à geada de 25 e 26 de julho de 1918 onde tostou os cafezais, pastos do gado e toda a lavoura. Deixando desta forma sacrificada a produção de três anos consecutivos.

É incrível, como um fenômeno natural como a geada de 1918 pode afetar drasticamente a vida das pessoas ligadas ou não à economia cafeeira. Passando a efetuar mudanças nos padrões de consumo e alterando significativamente os padrões alimentares de todos os extratos sociais. E para piorar ainda mais a situação, a cidade foi atingida após a geada, por uma epidemia de gripe hispanhola. Desta forma a alimentação precária resulta na baixa resistência imunológica, que afetada pelo vírus da gripe acima mencionada veio a causar um alto índice de óbitos neste ano.

Considerações finais

Todos estes fatores foram determinantes para transformar a cidade em um verdadeiro “mosaico culinário”, formado por uma diversidade de culturas distintas da África, Europa, Oriente e América. A cidade torna-se uma verdadeira “torre de babel alimentícia” em pleno sertão do Pardo. Que só vem a ser desmoronada com a crise e geada de 1918, quando acontece uma dispersão de imigrantes nas décadas sucessivas do século XX. Ocorre uma estagnação econômica que culmina em um retrocesso urbano que reflete até os dias atuais.

Bibliografia:

ALMEIDA e RECHE.A Pimenta malagueta no Brasil colonial:interação entre africanos e indígenas.II Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil meridional.Cadernos de resumos.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico / Pierre Bourdieu; tradução Fernando Tomaz (português de Portugal)- 6 ed.- Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2003.

FREITAS,Edgar. Mococa 100 de História, 1847-1947.Mococa,Gráfica Costal,1947.

MATSUMOTO, ROSANELI E BIANCARDI. A cultura gastronômica do café e sua influencia social e emocional no dia a dia do brasileiro. Rev.Saúde e Bio., V.3,N.1 pp.10-15, Jul-Dez, 2008.

MOURA, Denise Ap.S. Saindo das sombras:homens livres no declínio do escravismo.Campinas,Unicamp.1998.

PALADINI, Carlos Alberto. Assim nasceu Mococa. São Paulo, Editora Alfa e Omega, 2009.

PRADO, Caio JR. História econômica do Brasil.São Paulo:Ed.Brasiliense, 1970.

SODRÉ, Nelson Werneck.Panorama do Segundo Império.Rio de janeiro:Grapha, 1998.

Gustavo de Souza Pinto

(Bacharel, licenciado e Pós-graduado em História. UNESP-Franca)


http://lattes.cnpq.br/6467391538040938


Contato: clioprojetosculturais@gmail.com

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