Após algum tempo
despendido a cuidar de prioridades individuais volto a escrever e buscar
digerir a realidade a qual estamos submersos de um universo e ou um mundinho a
que muitos chamam de underground e ou cena. Não sei até que ponto apontar
contradições e ou de expor uma visão que para muitos pode parecer distorcida,
para outros negativa beirando ao niilismo. Porém acredito na livre circulação
das ideias e os outros dois textos já me renderam alguns “deletes” de
“coleguinhas” virtualizados, porque não interessados e ou que não aceitam o
diferente mesmo vindo de pessoas que se dizem fazer parte de coletivos
libertários. Porém aprendi a deixar determinados fatos e ou acontecimentos
relacionados a alguns indivíduos caírem no esquecimento, pois as existências destes
jamais foram relevantes para mim.
As reflexões deste
referem-se à reprodução de uma ordem pequena burguesa estabelecida, por meio de
uma pseudocultura erudita que está distante de representar a cultura
underground, uma cena originalmente caracterizada como subcultura e ou contra
cultura. Mais cultos e superiores? Ou acreditam em um progresso cultural no
cerne da contra cultura? Até que ponto este espirito insuportavelmente limitado
se apropria de meandros da tal cena pregando uma nova cultura e buscando matar
a antiga. Jamais defenderia tradições, pelo contrario sou a favor de rupturas
constantes em determinadas estruturas e a cena seria o pano de fundo nestes
combates constantes. Para tanto busco exemplificar em fatos personificados.
Alguns eventos vêm
sendo vendidos como superiores a outros, desde os lugares aos quais são
realizados, até as atrações que vão ocorrer. Distante de qualquer
originalidade, reproduzindo uma visão euro centrista e porque não uma cópia
esdruxula de metropolização. Será que estou ficando velho e chato, beirando ao conservadorismo
e um tanto quanto nostálgico ou estas novas tendências estão próximas apenas de
minha pessoa? Caracterizar um evento em locais públicos, se apropriando de
verbas públicas para benefícios próprios, assim como restringir o público que a
este terá acesso, vendendo um produto politicamente correto: Apenas bandas que
fazem parte da panela, exposições de um grupo seleto, venda de comida
politicamente correta, sem consumo de bebidas alcoólicas. Sou vegetariano e não
consumi drogas durante oito anos e hoje bebo, porém nunca fui panfletário e me
senti superior, muito menos vanguarda de nada. Sinto uma aparência de estado
provisório e superficial nestes “eventos cult”, o que antes eram realizados em
locais precários, sem distinção de publico, muito menos restrições e ou o que
rotulamos de “fitagem”. Soa a impressão de a cena tornar-se um jogo, a que o
mais “cult” soma mais pontos, é mais respeitado, cultuado e idolatrado. Mesmo
em pleno sertão interiorano paulistano, a liquida sensação de se nas capitais
são o máximo, porque não reproduzir esta receita mágica?
Fica uma reflexão do
filósofo Nietzsche: Parece que tudo retorna ao caos, que o antigo se perde, que
o novo não vale nada e se enfraquece cada vez mais... A humanidade inteira
está, nos seus movimentos, desprovida de fins e de objetivos. Parafraseando o
pensador: A cena é um deserto ainda vasto, com poucos “Oásis” repletos de
amizades sinceras que ainda faz valer apena, e desbravar esta imensidão é um
dos maiores desafios dos que ainda acreditam. Ou será que chegamos a um lugar
sem volta, do qual não podemos recuar?
Joey é escritor
autodidata.
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