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sábado, 14 de novembro de 2015

Reflexões desta tal cena parte 2!

Após gerar certo desconforto e porque não determinada polemica, volto com os escritos de quatro mil caracteres sobre o cotidiano vivenciado nos ambientes undergrounds interioranos do estado de São Paulo. Desta vez não apenas como gestor de eventos e representante de selo & distro; mas dividindo o palco com outras bandas.
Bastaram sete meses para participar de 12 eventos nos mais distintos lugares, praças, Pubs. Bares, sedes de moto club, republicas e quadras. Revendo amigos, conquistando outros no decorrer dos quilômetros deixados para trás e posteriormente adicionados em redes sociais para estreitar ainda mais relações de reciproco respeito. Porém ainda nos deparamos com muito sentimento de egoísmo no sentido de algumas pessoas interpretarem o movimento underground e ou o que rotulam de cena como uma espécie de competição e ou jogo.
E como funcionaria isso? Sai na frente quem for o mais envolvido e possuir os melhores “contatos”. Como já supramencionado no escrito anterior, mais uma vez as relações de interesses sobrepõem as relações humanas, a coisificação da arte. Porém a mesquinharia não para por ai, ganha mais pontos quem tocar com bandas consideradas mais “reconhecidas” e se sua banda tocar em uma cidade mais distante e ou em outro estado é bônus na contagem de estar sempre à frente e nunca no mesmo patamar das demais bandas. Se tiver uma resenha em um zine e ou revista especializada sua banda passa de fase. Se prensar algo em vinil então é o ápice orgástico independente. Só não consigo entender o final do jogo e qual o maior premio de boçalidade a ser entregue a seres que buscam o troféu torpe do ano.
Outro fato que me impressionou além do espirito de competitividade que cai por terra perante a autogestão e cooperação que vivencio em outros ambientes. Vem a ser a falta de escrúpulos perante as determinadas situações em eventos: Não é falta de bom senso e sim falta de consideração mesmo. Presenciar algumas bandas tocarem com equipamentos precários e deixar os seus confinados, enquanto poderiam ser compartilhados e socializados entre todas as bandas que a principio dividem o mesmo palco. Pena que na mente de pessoas mesquinhas, não funciona a prática comunitária. Obvio que ninguém é obrigado a emprestar nada ao próximo. Mas em eventos ditos alternativos costumavam funcionar desta forma.
Participando de festivais que envolviam diversas bandas às vezes mais de 10 e em eventos menores com quatro ou mais bandas, tive o desprazer nostálgico de vivenciar o retrógrado argumento do “escolher a ordem que quer tocar”, não toco por ultimo por “X” motivo, assim como não toco primeiro por “Y” motivo, minha banda tem mais tempo de estrada e temos de tocar antes ou depois da banda principal. Confesso que no sorteio e ou na escolha da ordem de apresentação, na maioria das vezes entro mudo e saio calado, sou o ultimo a opinar e para não gerar mais desconforto deixo os egoístas, invejosos, ciumentos e mesquinhos decidirem. Aprendi que não vale apena me desgastar por algo que me parece ser hegemônico e estar instaurado na maioria dos lugares que compareci para tocar.
Concomitante a toda esta problemática que não é por menos de vivendo e aprendendo que a história é responsável por nos demonstrar que com o passar do tempo algumas coisas são modificadas graças às relações humanas, enquanto outras são degradas graças a este mesmo processo dialético. E assim findamos mais um ano e que venha os próximos repletos de surpresas assim como decepções constantes. A cena ainda é algo que vale apena. Cito as palavras de um profundo pensador. “Mudar é difícil, mas é possível” Paulo Freire.

Por: Joey, é escritor autodidata.

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