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domingo, 3 de janeiro de 2016

O silêncio ainda que tarda.

              
            Em um lapso o silêncio é quebrado com a cantoria da igreja evangélica ou com a gritaria do vai curintiá! O mesmo ópio com doses cavalares diferentes, usando muletas semelhantes.
            Como é triste presenciar o silêncio dolorido da criança com sete anos de idade que contraiu HIV sofrendo abuso do padrasto. O silêncio virtual é um luto contra a ignorância alheia que tomou conta das redes sociais. O silêncio neste ambiente gera insatisfação, pois não postar, curtir e compartilhar é considerado anomalia virtual, quase um pecado tecnológico.
            Nem diálogos com os que se dizem entendidos é possível. Pois estes não são capazes de conterem seu silêncio e vociferam superioridade com retóricas contraditórias. A forma de exteriorizar o meu silêncio é a escrita, que por sinal é lida por poucos. Pois esta geração esta habituada a cento e quarenta caracteres.
            Não se ensina aos gritos, mas aprende-se muito com o silêncio. Aprendi as duras penas que o silêncio é sinônimo de indiferença, e esta ultimamente anda fazendo toda diferença. Meu silêncio não me faz cúmplice, assim como também não quer dizer que eu não esteja conspirando contra a própria vida. Enfim, já dizia Confúcio. “O silêncio é um amigo que nunca trai”.
           O silêncio é um direito que ultimamente deveria se tornar um dever. Quebrar o silêncio deveria ser crime inafiançável. Condenado ao silêncio eterno. Sartre afirmava que “O inferno são os outros” e são eles que insistem a todo custo em violar o silêncio alheio. Afinal, para que gritar para um mundo surdo? Gostaria de pedir apenas um século de silêncio !Im memorian do próprio.


Joey é escritor autodidata.

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