O dito popular afirma
que pobre nunca tem nada e quando chove perde tudo. Seria cômico se não fosse
trágico. Para quem nunca teve nada o pouco passa a ser tudo, literalmente tudo.
Tudo parcelado em carnês, tudo pago honestamente, tudo isso pelo dobro do valor
a vista. Tudo que era para o pouco conforto, agora esta perdido.
- Tudo que o pobre tem são os dentes e o nome.
Então entra em cena o ninguém. Ninguém viu o incêndio
criminoso para higienizar a favela ao lado do condomínio de luxo. Ninguém
percebeu os barracos arderem em chamas e transformar o sonho da moradia em
cinzas. Assim como ninguém vai ressarcir os danos causados pelo incêndio ou
pela enchente.
Quem nunca teve
nada, perdeu o pouco que conquistou com muita luta. Agora não tem nem ao menos
documentos e sem RG, CPF, carteira de trabalho, certidão de nascimento,
PIS/PASEP e titulo de eleitor, não é cidadão e se torna ninguém.
Aqui todos estão acostumados a perder. Perder amigos,
perder tempo, perder o sono, perder dinheiro, perder a saúde, perder a coragem.
Porém ninguém perde aquilo que nunca teve. Perde-se tudo. Menos a humildade e a
dignidade.
Portanto viver em favelas e áreas de risco é literalmente
estar em uma linha tênue de correr o risco de não ser ninguém e
consequentemente, viver em uma terra de ninguém. E quantos “ninguéns” são
enterrados como indigentes diariamente.
O mundo não anda tão diferente. Onde ninguém tem direito
de sonhar e quiçá ser feliz. Ninguém ama ninguém, ninguém se importa com
ninguém. Assim votamos em ninguém, pois ninguém vai mudar nada mesmo. Porém
ainda insisto em escrever, mesmo sabendo correr o risco de ninguém ler.
Joey é escritor
autodidata.
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