De rolê com um mano que
acabara de conhecer, voltando de uma festa veio a acontecer. Enquadrado pela
patrulha rodoviária, pacoteira em cima, rodou como tráfico e assim iniciou-se a
sina. Foi assim de bobeira que entrou para o conservatório musical na cela
insalubre que dividia com diversos detentos. Conviveu com a diversidade
criminal, escreveu uma carta para a mãe, mas a primeira visita foi do pai. Uma
cota sem ver a família e trombar os parças, contato só por cartas, isolado, trancado em um
túmulo de concreto ao céu aberto.
Queria realmente mudar, não mofar, de lá se jogar e se
possível nunca mais voltar. A rotina interminável de um lugar onde as horas
pareciam rastejar, de manhã depois de pagar o banho gelado, um cliver acesso
com o bic emprestado, seguido de um chá de urubu requentado, rango azedo era
reciclado, uma sesta pra desbaratinar e como chinfra o futebol, finalizando um
trago no fininho do índio para relaxar.
A mãe dizia que o filho foi pras”oropa estudar e trabalhar, na
Alemanha foi morar e que iria demorar para voltar. Por três anos passou mó
veneno na tranca, não foi fácil mas tirou de letra, estudou o código penal e de
lá saiu mestre em violão clássico. Tocando Bach, Beethoven, Villa-Lobos, João
Pernambuco. Hoje toca em uma orquestra de violões.
Sinistro por não
descolar trampo devido à capivara que constava ex-presidiário. Como muitos, dá
os corres com aulas particulares de violão e guitarra na quebrada, poderia ter
saído pós-graduado no crime. Porém escolheu conhecer-se e a vida recomeçar,
distante de lá. Para onde nem em sonho quer mais voltar.
Pagou
o que devia e segue a vida distante de tretas. Até hoje luta para não se
entregar aos vícios das esquinas. Miliano que não trombo o Zanga, saudades parça
das antigas. Com ele muito aprendi, principalmente que a redenção é possível.
Pena que a sociedade não tivera a oportunidade de conhecê-lo e quem sabe isso
também aprender.
Joey
é escritor autodidata.
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