No boteco tomando uma
breja barata e vendo futebol na TV. Percebe ela passar trajada, indo ao culto.
A troca de olhares descompromissado, porém carregado de vontades.
- Te encontro depois das oito. O sim veio com um sorriso de
canto de boca.
Não existe a palavra amor e isento de sentimento ou pudor
é palavrão atrelado a tesão. Não havia colchão, mas sim papelão, o travesseiro
era saco de cimento. Apenas sexo sem sentimento, nenhum dos dois ciumentos.
Deitados sob o concreto fluía o amor liquido. Distante de
qualquer relação sólida, os orgasmos desmancharam-se no ar. O corpo nu a luz da
lua era o colírio para afastar o pó do cimento a cada movimento.
O silencio quebrado com sussurros e gemidos, porém
nenhuma promessa de amor eterno, namoro, noivado ou casamento. Medidas
incalculáveis de carinho, também gemidos reprimidos. Mordidas, chupadas, roupas
intimas rasgadas, beijos molhados, unhadas, puxões de cabelo e tapas. Quase um
vale tudo, o oferecer o prazer a alguém sem olhar quem.
A mistura perfeita para a satisfação sexual e quem sabe
espantar a solidão. A personificação do sexo descapitalizado, sem custos,
apenas energia física e vontade, excitação e sedução. O carnal quase
animalesco, onde ambos saem de si e se entregam ao outro alheio.
Eis o sexo inseguro, atrás do muro. Ela confia na
tabelinha e ele no coito. O encontro às oito onde as ultimas palavras trocadas
foram:
- Vamos! Você mora longe pra caralho, tenho de ti levar e
voltar a pé. E amanha vou trabalhar cedo.
- Vai tomar no seu cú, seu porra. Olha a minha roupa toda
suja, o que vão pensar? O que vou dizer lá em casa?
Quarta que vem tem futebol na TV e culto na igreja. E no
mesmo horário vão encontrar-se, para a construção vão voltar e reciprocamente
as vontades carnais saciar!
Joey
é escritor autodidata.
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